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Nº inventário:
PCIC.84
Designação:
Tecedeiras: Sapatos de trança
Descrição:
A confeção dos sapatos de trança consistia num processo realizado em casa essencialmente por mulheres, enquanto função principal ou de tempos livres, com recurso a instrumentos e equipamento adequado produziam os sapatos. O fio era produzido localmente nas fábricas, embora previamente à criação de espaços fabris estruturados, já existiriam núcleos de produção, de acordo com informação camarária, a Postura de 1587. Esta regulamentação condiciona a utilização dos rios de Porto Covo e de Penha Longa que se estendem até à vila e a ribeira de Caparide, desde as Portas de Manique até aos passadores da Cerca dos Frades para alagar e curtir estes tecidos (SOARES, 2013:205-206). Os tecidos de textura irregular e pouco espessa eram preparados em teares manuais. Eram tratados e aprimoramento em água corrente e depois pisoados, ou seja, batidos vigorosamente para de seguida serem lavados com sabão ou outro semelhante. Esta tarefa permitia que os tecidos fossem apertados e soltassem as impurezas da substância nuclear e de produtos aducentes, como azeite ou urina. As tarefas eram distintas, existia uma tecedeira para preparação do sapato e outra para aplicar a sola. As tecedeiras que preparavam o sapato através de um molde oco de madeira com a forma do mesmo que trabalhavam no tear designado como engenho. O engenho consiste num conjunto, formado por uma mesa de madeira com pedais onde assenta uma cabeça em ferro. Os pedais serviam para executar as rotações, embora algumas tecedeiras utilizassem apenas as mãos para fazer rodar o aparelho. Os pedais interligavam-se com a cabeça de ferro do engenho através de cordéis, fios de corda até mais recentemente com correntes de bicicleta. Neste conjunto era colocado um banco para que a tecedeira se sentasse enquanto trabalhava. O engenho no que se refere à parte da cabeça em ferro era construído por um ferreiro e a mesa e as suas adaptações para os pedais eram concebidas pelos homens da habitação. Micaela Soares descreve ao pormenor a confeção do sapato de trança. "Era fôrma um molde oco de madeira configurando um sapato. Na sua convexidade, acomodavam-se as garfas, providas de dentes, uma de cada lado, com orifícios ao meio, nos quais penetrava a fessura para as firmar, ficando a forma bem comprimida entre parafusos. Ao carregar no pedal, virava-se o engenho que arrastava a forma, sobre a qual, por entre pregos e com o auxílio de pentes, se ia tecendo a trança, de ambos os lados, segundo a movimentação requerida. O fio deveria ser convenientemente retesado, a fim de a tessitura resultar consistente. Atingida a parte da urdidura que deveria ficar aberta para entrada do pé, a trança era virada para trás. Quando se tecia a parte lateral, deixava-se uma trança descaída, solta, para formar o atacador do sapato. A pala ou palinha, normalmente executada em primeiro lugar, os lados, a biquêra, o contraforti, tudo numa só textura, manipulada metade de cada vez, resultando inteiriça, conquanto elaborada por partes pela mudança de posição do engenho. Não existiam costuras; a peça saía completa do tear. Enfiando a trama com o crochéi ou carochéi (adaptação saloia do francês crochet), alternadamente abaixo e acima, entrecruzando a trança nos pregos, saía um sapato a que só faltavam as solas e o pé inquilino." (2013:207-208). A utilização de duas fitas da mesma cor produzia o entrançado e a de cores diferentes permitia formar o padrão pretendido. Após a finalização da preparação do sapato, este seguia para a artesã que aplicava a sola de cabedal, de borracha ou de madeira. Existiam algumas mulheres que sabiam aplicar a sola no conjunto, ou seja, solavam o entrançado através da união das duas partes com recurso a tachas que pregavam sobre uma tira fina de cabedal. Recebiam os fios de trança à segunda-feira, procedendo, em simultâneo, à devolução dos sapatos tecidos na semana anterior. A produção era vendida a um armazém de Carcavelos que revendia aos seus clientes.
Localização:
Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais; Tires

Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais\Alcabideche; Manique

Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais\São Domingos de Rana; Abóboda

Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais\São Domingos de Rana; Trajouce

Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais\Parede; Murtal

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