PCIC.53

Memórias dos antigos faroleiros (Faróis de Santa Marta, Guia e Cabo Raso)

O ofício de guarda de farol foi criado através do alvará pombalino de 1758 e consistia na responsabilidade de um conjunto alargado de tarefas multidisciplinares que garantiam a manutenção e conservação das infraestruturas, de todo o equipamento técnico, bem como dos farolins existentes na área circundante ao farol. Acrescia ainda a vigilância marítima, o socorro náutico e a realização de observações meteorológicas, na sequência da instalação de unidades de meteorologia costeira nos faróis a partir de 1880. Até meados do século XIX, os faróis eram guarnecidos por um ou dois faroleiros no máximo. No entanto, a complexidade do serviço e a instalação de novos equipamentos, sobretudo no fim da centúria, tais como os aparelhos óticos e os sinais sonoros, obrigaram a aumentar a sua lotação e a exigir formação especializada. Nesse sentido, foi criada a Escola de Faroleiros em Leça da Palmeira, em 1927, atualmente instalada na Direção de Faróis. Não tendo sido o primeiro edifício deste tipo a ser construído na Antiguidade Clássica, o farol de Alexandria destacou-se como uma das sete maravilhas do Mundo Antigo devido às suas dimensões monumentais, determinando, a partir de então, a designação genérica das estruturas com funções semelhantes, dado que se encontrava localizado numa ilha chamada Faros, como também definiu o protótipo com base no qual os faróis foram construídos até à atualidade. No que diz respeito ao assinalamento marítimo em Portugal, as três primeiras torres foram edificadas na primeira metade do século XVI, nomeadamente no Cabo de S. Vicente (1520), na foz do rio Douro (São Miguel-o-Anjo/1528) e em Cascais (Nossa Senhora da Guia /1537 (data incerta)). Presentemente existem 53 faróis espalhados pelo continente e ilhas, sendo que no concelho de Cascais localizam-se três: Santa Marta (1868), Nossa Senhora da Guia (o mais antigo ainda em funcionamento) e o Cabo Raso (1894), os quais são controlados a partir da Direção de Faróis, dispensando, assim, a presença permanente de faroleiros desde 1981.

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