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Nº inventário:
PCIC.169
Designação:
Procissão de Santo António de Cascais
Descrição:
A presença de Santo António em Cascais relaciona-se com a sua vertente militar enquanto General no Regimento de Infantaria Nº 19 de Cascais, instalado no Quartel militar da Cidadela. Instituído como padroeiro do exército acompanhava as tropas portuguesas, e foi na Batalha do Buçaco, no ano de 1810 que as tropas do Regimento de Infantaria Nº 19 de Cascais mais se destacaram, porque saíram vitoriosas demonstrando uma grande força motivada pela grandiosidade do seu comandante montado numa mula branca que liderou os ataques. Baseado neste relato e imponência para superação das batalhas, D. João, príncipe regente, determina o pagamento de um soldo em benefício da população mais carenciada. No ano de 1922 por despacho do presidente do Brasil, Artur Bernardes, Santo António foi nomeado General e passou à reserva após três séculos de serviço militar. Caracterizam o concelho de Cascais todas as manifestações de carácter religioso e pagão que se desempenham no âmbito do património cultural imaterial. A iniciativa de realização de uma procissão de evocação a Santo António em Cascais surgiu no ano de 1959 por Joaquim Miguel de Serra e Moura, então presidente da Junta de Turismo da Costa do Sol. As realizações de um cortejo histórico com o carácter religioso implícito permitiram a celebração e evocação ao santo que acompanhava o Regimento da Infantaria Nº 19 de Cascais nas suas batalhas. Neste ano a celebração obteve uma imponência na sua realização e participação. Com a realização da missa na Capela de Nossa Senhora da Vitória o cortejo saiu da Cidadela, no dia 12 de junho, e dirigiu-se pela Avenida D. Carlos I, Marginal até à Igreja de Santo António, no Estoril, onde a imagem ficou até ao dia seguinte, e no dia seguinte fez o percurso inverso (Encarnação, 2004:30). A particularidade da realização desta procissão centra-se num percurso terrestre com recurso a uma mula branca, alusivo ao relato ocorrido na Batalha do Buçaco, onde é aplicado e fixado um suporte para encaixe do Santo António. É esta essência que se procura manter na evocação e veneração a Santo António em Cascais. Esta procissão manteve uma realização bianual, intercalando as suas celebrações com as que se realizavam em Pádua, até ao ano de 1968. Ressalvam-se as celebrações ocorridas no ano de 1961 com os festejos de Santo António a contemplarem uma cerimónia especial que decorreu a 10 de junho com a realização de uma missa e bênção do mar. Embora no ano de 1963 e 1964 tenha existido uma alteração nestas celebrações. Ou seja, no ano de 1963 realizou-se também em Pádua no âmbito da comemoração do VII Centenário da trasladação do corpo do santo para a Basílica de Pádua e no ano de 1964 realizou-se em Cascais no âmbito da comemoração VI Centenário da Vila de Cascais (Encarnação, 2004). As celebrações em Cascais decorreram sempre com a presença da igreja de Pádua. No ano de 1968 Pádua ofereceu uma relíquia de Santo António à Sé Patriarcal de Lisboa e através deste ato promove publicamente o seu reconhecimento de que o Santo António é pertença de Lisboa. As celebrações iniciam-se em Cascais com a realização da procissão no dia 12 de junho com saída da Cidadela de Cascais, seguiu pela Avenida D. Carlos I, Alameda Combatentes da Grande Guerra, Jardim Visconde da Luz, Praça Francisco Sá Carneiro, Avenida Marginal e Igreja de Santo António do Estoril. A procissão retomou no dia 13 de junho com o regresso à capela da Cidadela com presença do bispo de Lisboa e do pároco de Pádua (Junta de Turismo da Costa do Sol (ed.), 1963). A celebração desta procissão realizou-se com a presença do padre Almeida que assumiu a paróquia até ao ano de 1968 e deixou de se realizar logo no ano seguinte, no período da contestação da igreja católica. A procissão sofreu um interregno na sua realização entre os anos de 1969 e 1980. No ano de 1981 por iniciativa da Sociedade de Propagada de Cascais em colaboração com o Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa - CIAAC, a Câmara Municipal, a Junta de Turismo e a Paróquia de Cascais retomam-se as celebrações da procissão de Santo António. O CIAAC foi criado no ano de 1959 e extinto em 1993 quando se constitui como uma sub-unidade (destacamento) do Regimente de Artilharia Antiaérea 1 (RAAA1), sendo extinto definitivamente a 25 de maio de 2004. A paróquia de Cascais através da presença do padre Raúl Cassis Cardoso, que presidiu de agosto de 1970 a 4 de outubro de 2008, sempre participou em colaboração com todas as entidades. O retomar da realização desta procissão manteve a evocação ao Santo António de acordo com as tradições existentes, ou seja, manteve-se o transporte do santo numa mula branca durante o percurso processional. Quando já não existiam mulas brancas recorreu-se a uma égua branca cedida pela GNR. Os solados do CIAAC trajavam a rigor com uniformes da época do antigo Regimento da Infantaria Nº 19. Esta manifestação realizou-se até ao ano de 2008. O percurso da procissão após esta reativação decorria sempre pelas ruas do centro histórico tendo como ponto de partida a Capela de Nossa Senhora da Vitória no Palácio da Cidadela e a Igreja Matriz variando as ruas por onde passava. Esta alteração do percurso permite criar uma dinâmica nas ruas do centro histórico e alargar as oportunidades de outros residentes assistirem e acompanharem a procissão nas sua casas, tal como defende a Sociedade de Propaganda de Cascais em 1989. A realização das celebrações, enquanto os militares se encontravam no quartel (Cidadela), centravam-se na missa campal pelas 10h seguida de procissão em andor até à Igreja Matriz Nossa Senhora da Assunção, transportado com honras e pelos militares. No ano de 2023 a tradição foi recuperada e a evocação e devoção a Santo António volta a sentir-se nas ruas de Cascais.
Localização:
Europa\Portugal\Estremadura\Lisboa e Vale do Tejo\Grande Lisboa\Cascais; Cascais

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